22 junho, 2007

100 anos... 100 filmes, 10 anos depois


O AFI (American Film Institute) divulgou sua nova lista de melhores filmes americanos de todos os tempos. Incrível que já tenha quase dez anos que eu acompanho esta lista. Quando tive o primeiro contato com a lista anterior tinha assistido a trinta e poucos dos 100, hoje cheguei aos 78. Desta lista atual já vi 80 títulos. É uma lista conservadora e permeada por interesses comerciais, mas a gente se diverte, e acaba conhecendo coisas boas.

Sobre as novas entradas na lista, muitos dos antigos não vi, mas "12 Angry Men" (Doze homens e uma sentença), "Who's Afraid of Virginia Woolf?" (Quem tem medo de Virginia Woof?) e "Spartacus" demorou! Dos pós-1998, discordo de quase todos, talvez "O Senhor dos Anéis : A sociedade do anel" merecesse sim, mas e as outras duas partes? Difícil avaliar um filme de três partes.

Who's Afraid of Virginia Woolf?SpartacusThe Lord of the Rings - The Fellowship of the Ring

Acho uma pena terem saído da lista "All quiet on the western front" (Sem novidades no Front) um excelente filme de guerra de 1930, "Fargo" outro dia revi e gostei muito mais que da primeira vez, "Frankenstein" sempre um clássico, "Stagecoach"(No tempo das diligências) - um marco de John Ford, com a consolação de "The Searches" (Rastro de ódio) outro western de Ford ter subido 84 posições. Saiu "A place in the sun" (Um lugar ao sol) adaptação de
George Stevens para o clássico de Murnau "Sunrise"(Aurora) que entrou agora. Stevens também ficou de fora com "Giant" (Assim Caminha a Humanidade), com James Dean, ator que ficou fora com outro filme seu "Rebel without a cause"(Juventutde Transviada). Outro que dançou foi Frank Sinatra, o old blue eyes teve seus dois filmes eliminados, "From here to eternity" (A um passo da eternidade), "The Manchurian Candidate"(Sob o domínio do mal).



















Dos meus favoritos "The Graduate" (A Primeira Noite de homem) saiu do top 10, mas em compensação "Raging Bull" (Touro Indomável) subiu 20 posições e ficou em quarto, desbancando o chato "Gone with the wind"(E o vento levou). Charlie Chaplin finalmente teve vez com seu belíssimo "City Lights"(Luzes da Cidade) subindo 65 posições e quase fazendo o top 10. E "The Godfather" (O Poderoso Chefão) ficou em segundo, afinal "Citizen Kane" (Cidadão Kane) é mesmo imbatível.

15 junho, 2007

Pequenas Lembranças #5

Cheiro

Um dos cheiros mais marcantes da minha infância é o que exalava de uma planta que havia na casa da minha avó paterna, numa varandinha do seu apartamento no Cruzeiro. Não sei que planta é, que nome lhe dão. Lembro que era de um verde escuro, e a folhas tinham um aveludado curioso para uma criança.

Fato que é que estas coisas estão coladas, o cheiro da planta, a casa da vovó, minha infância.

08 junho, 2007

Pequenas Lembranças #4

Xixi

Quando era pequenino, não sei se por um senso prático (o que se aproxima muito de preguiça) ou o quê, gostava de fazer xixi num ralinho que havia na área de serviço do apartamento (a bem da verdade era o mesmo cômodo que a cozinha). Na minha cabeça não fazia a menor diferença, o xixi ia para o esgoto do mesmo jeito. Ainda ficava orgulhoso por não ter respingado nada para fora do ralo, o que era facilitado por minha baixa estatura.

Minha mãe, claro, não gostava da idéia. Depois, passei a fazer meu xixi no bidê, gostava também de mirar bem no ralinho. Parece que eu não gostava mesmo de dar descarga, ou levantar a tampa do vaso, qualquer coisa que dificultasse o processo. Talvez já fosse um senso de economia, já que hoje acho um absurdo o tanto de água tratada que se gasta em descargas por aí.

Um dia, já estava ficando maiorzinho, fiz uma promessa se não me engano a Nossa Senhora, de que não faria mais xixi no bidê. Foi a única maneira de cortar esse meu curioso hábito.

06 junho, 2007

Série séries #5

Jornadas nas Estrelas "Star Trek"

Esta é uma série genial. Foram apenas três temporadas, e o sucesso mesmo só veio com as reprises. Hoje Jornadas nas Estrelas faz parte do imaginário social mundial.

A cada episódio vivíamos junto com a tripulação da Enterprise uma aventura diferente, indo aonde nem homem jamais esteve. As aventuras eram narrativamente muito bem amarrados, e cativantes, com todos os elementos que viriam a influenciar produtores nos anos vindouros.A série criada por Gene Roddenberry deu origem a uma legião de aficcionados, a mais de um dezena de filmes para o cinema, e um bocado de séries spin-offs.

Tem ainda o detalhe de que nesta série ocurreu o primeiro beijo interracial da TV americana, entre Uhura e Kirk.


Assisti a Star Trek numa época muito gostosa da minha vida, logo antes da faculdade, quando ficava em casa durante o dia, e podia ver as reprises na Band, as onze da manhã.
Como não se apaixonar por senhor Spock, doutor McCoy, capitão Kirk...

Pequenas Lembranças #3

O Prédio

No prédio onde morávamos no Barroca, na Rua Amparo, havia muitas crianças. E meus vizinhos vinham bater na minha porta, me chamar para brincar. Não me lembro de alguma vez ir eu mesmo chama-los. Muitas vezes ficava feliz com o convite, mas às vezes ficava com preguiça. Perguntava a minha mãe se podia, poucas vezes ela negava. Nosso playground era a área de manobra da garagem do prédio. Não lembro bem do que brincávamos, sei que pique-pega era um dos favoritos, e jogos com bola eram mais raros. Tínhamos um vizinho de muro, onde a bola sempre caia, era uma luta recuperá-la. Ainda não entendo tamanha impaciência com bolas extraviadas. Minha vó contava histórias medonhas de tempos remotos em que o vizinho intolerante furava a bola com uma faca diante dos olhos atônitos dos meninos.

Outra vedete eram os bonequinhos do He-Man e sua galeria de vilões e aliados. Tínhamos também espadas, dos ThunderCats e do He-Man, com as quais travávamos batalhas das quais não gostava muito. Lembro de pelo menos uma vez ir brincar no prédio em frente ao nosso.

Fazíamos nossas festas de aniversário também na garagem, todos os moradores tiravam seus carros e decorávamos o lugar para receber os convidados. Hoje em tempos de individualismo exacerbado, acho que tal coisa deve acontecer menos e menos.

Mudei deste prédio aos 7 anos, já com dois irmãos.

05 junho, 2007

Pequenas Lembranças #2

Sorvetinho

Da minha primeira escola pouco lembro, ficava mais embaixo na minha rua mesmo a Amparo. Lembro ter dificuldade com seu nome, sempre confundia com Sovertinho, algo que acabo de constatar, ainda me acontece. Uma leve dislexia (a exemplo de Saramago) sempre me perseguiu. Quando criança dizia Mánica, ao me referir às maquinas, e caçapete ao referir ao equipamento de segurança. Não consta que fizesse o erro clássico de chamar aquela praga dos cinemas de popica. Depois da alfabetização passei a confundir “V” com “F” amiúde, até hoje me acontece de quando em vez e tenho que pensar em palavras óbvias como FACA e VACA ou FOGO, etc. Às vezes acontece com T e D, e outras letras também.

Foi no Sorvetinho com meu uniforme azul claro axadrezado, e quichute(?) amarrado canela acima, que tive minhas primeiras aulas, mas devo dizer que não recordo de nem um momento dentro da sala de aula. Lembro sim do pátio externo, uma garagem que com segurança é muito menor que minhas lembranças. Ali havia um espaço que lembrava uma caverna e o era na imaginação das crianças, o tanque de areia, brincadeira recorrente, alguns brinquedos clássicos (balanço com certeza, escorregador por intuição).

No terraço me lembro de dançar quadrilha, e de estalar a língua reproduzindo os movimentos dos dedos, uma vez que não consegui tirar nenhum som deles como pedia a coreografia. Outro dia memorável era o de banho de mangueira, sempre aguardado com ansiedade. Levávamos calção de nadar e toalha e nos divertíamos.

Ali conheci a Marina, como prova a fotografia carnavalesca, claro que não me lembro, e só uma série de eventos futuros pôde transformar este fato em uma coincidência. Mais ou menos quinze anos depois viemos a ser colegas na escola de Teatro e nos tornamos amigos, encontrando mais tarde provas deste encontro prévio. Além da foto, um presente que ela me dera, com dedicatória assassinada, evidentemente na caligrafia de sua mãe.

04 junho, 2007

Série séries #4

Sliders - Dimensões paralelas

Mais uma série que passava no USA, no sábado Sci-Fi. Era bem legal, com histórias em realidades paralelas. No elenco tinha o Jerry O'Connel, fazendo o Quinn Mallory, que ameaçou estourar como astro mas não vingou. Ele foi ator mirim, participou do "Conte Comigo (stand by me)" com o River Phoenix e tal.

A série foi mais uma das que começou legal e depois se perdeu, assisti só às primeiras temporadas mesmo. Outro dia revi o piloto e é realmente bem interessante.

Pequenas Lembranças #1

Choro

Não sei precisar qual é minha lembrança mais antiga. No correr dos anos acabamos por recordar, com certa acuidade, de fatos banais, sem, contudo, guardarmos registros de eventos julgados importantes.

Obviamente, não me lembro do meu nascimento, nem de meus primeiríssimos anos neste mundo. Todavia, sempre fez parte de minha vida os relatos deste período, em que eu, sem explicação definitiva, chorei como poucas crianças o fizeram.

Nasci num dia 13 de maio, uma quarta-feira, às 15:50, depois de fazer minha mãe sofrer em demorado trabalho de parto. Foi no Hospital São Lucas, na região hospitalar de Belo Horizonte. Minha primeira residência foi num apartamento de três quartos na Rua Amparo (belo nome), foi pra lá que fui e lá que chorei todas as noites por anos (!) a fio.

No primeiro mês, esteve em nossa casa, minha avó materna, que vive no interior. Cabe dizer que sou o primogênito, assim como meu pai e minha mãe, sou então o primeiro neto de ambos os lados da família. Ao cabo do mês de assistência, retornando para Divinópolis, chorava minha vó, choravam minha mãe e meu pai, e claro chorava eu.

Uma noite estava eu quieto no bercinho ao lado da cama de meus pais. Tamanha a estranheza da situação que minha mãe ficou desconfiada. Receosa de que algo trágico houvera sucedido pediu a meu pai que verificasse se estava tudo bem com o pequeno ser. Pois no escuro do quarto e no torpor do sono, meu progenitor dá uma topada com o pé no pequeno berço, pondo-me a chorar até o raiar do dia.

Muitos casos ainda constam de meus choros intermináveis e inexplicáveis. E nos anos seguintes, cada nova pessoa que entrava em nossa vida, tinha por obrigação de ouvir as histórias, que pareciam inverossímeis, de um bebê inquieto que se convertera em uma criança tão calma. Reza a lenda que só parei de chorar quando comecei a freqüentar o jardim de infância.

Nova série de postagens

Inspirado pelo mestre Saramago e seu “As pequenas memórias”, resolvi iniciar aqui uma série de textos sobre meus primeiros anos de vida. Não sou saudosista da minha infância, nem tive uma que fosse extraordinária em nenhum aspecto. Lendo as memórias de José Saramago, simplesmente Zezito à época, descobri que lembro bastante coisa destes meus primeiros anos. E escrevo sobre eles neste espaço, mais para mim que para os outros.