26 abril, 2006

Onde está nossa culpa?

Onde está nossa culpa? Nascemos com culpa de algo que não fizemos. Temos a culpa e somos vítimas, não obstante. Ostentamos luxos desnecessários, - que luxo é necessário?. Não desenvolvemos a verdadeira consciência e somos nós quem a deveria ter, pois tivemos e temos as condições para tanto. Comida, moradia, educação. E os agentes de alienação são ainda mais fortes e uma maioria nem consegue ver além, outros tantos vêem mas não agem. Ignorância é culpa, omissão é culpa. Nosso sistema é atroz, desumano. E cento e poucos anos de história nos fazem crer que não há outra alternativa, que é assim porque deve ser assim e nada se pode fazer. A mudança deve ser profunda e sistemática, mas é possível. Podemos e temos medo de saber que o poder está conosco. Na união, na miscigenação, está a solução. Se ainda discriminamos cor, como querer aprofundamento em questões mais complexas. Se não aceitamos crenças diversas, como pensar além. Somos inconseqüentes ao buscar diversão em algo ilícito, que ao comprarmos financiamos miséria, violência, dor, morte. As grandes companhias lucram com cigarro, álcool, petróleo, aço, refrigerante, tênis, sob o suor de trabalhadores mal remunerados, que não são nem ao menos capazes de adquirir o que produzem. E a publicidade alimenta sonhos, desejos, irreais, que só fazem aumentar as diferenças. A diferença entre ricos e pobres, entre querer e poder. Necessidade e desejo se confundem perigosamente. Temos medo de transmitir nossa indignação, não passamos para o próximo a vontade de mudança.


Leonardo de Oliveira Cunha, 8 de setembro de 2005.