13 dezembro, 2005

Top 50 Filmes

Bom, aí estão 50 dos filmes do meu maior apreço, por ora. (a lista na verdade foi elaborada há um ano, carece de uma atualização que talvez faça em breve.)

1-Em busca do ouro - Charlie Chaplin, 1925


2-O Encouraçado Potemkin - Sergei Eisenstein, 1925


3-Sem novidades no front - Lewis Milestone, 1930


4-Luzes da Cidade - Charlie Chaplin, 1931


5-Diabo a quatro - Leo McCarey, 1933


6-Cidadão Kane - Orson Welles, 1941


7-Casablanca - Michael Curtiz, 1942


8-Os melhores anos de nossas vidas - William Wyler, 1946


9-Ladrões de Bicicleta – Vittorio de Sica, 1948


10-Crepúsculo dos Deuses - Billy Wilder, 1950


11-Cantando na Chuva - S. Donen, G. Kelly, 1952


12-Janela Indiscreta - Alfred Hitchcock, 1954


13-Noites de Cabíria - Federico Fellini, 1957


14-Doze homens e uma sentença - Sidney Lumet, 1957


15-Quanto mais quente melhor - Billy Wilder, 1959


16-Os Incompreendidos - François Truffaut, 1959


17-Psicose - Alfred Hitchcock, 1960


18-La Dolce Vita - Federico Fellini, 1960


19-Acossado - Jean Luc Godard, 1960


20-O pagador de promessas - Anselmo Duarte, 1962


21-Deus e o Diabo na Terra do Sol - Glauber Rocha, 1964


22-A primeira noite de um homem - Mike Nichols, 1967


23-Perdidos na noite - John Schlesinger, 1969


24-Laranja Mecânica - Stanley Kubrick, 1971


25-O Poderoso Chefão - Francis Ford Coppola, 1972


26-O Poderoso Chefão - Parte II - Francis Ford Coppola, 1974


27-Um estranho no ninho - Milos Forman, 1975


28-Taxi Driver - Martin Scorsese, 1976


29-Annie Hall - Woody Allen, 1977


30-Manhattan - Woody Allen, 1979


31-Rock 'n' Roll High School - Allan Arkush, 1979


32-Touro Indomável - Martin Scorsese         , 1980


33-Tootsie - Sidney Pollack, 1982


34-Scarface - Brian de Palma, 1983


35-O Baile - Ettore Scola, 1984


36-A dupla vida de Veronique - Krzysztof Kieslowski, 1991


37-A Liberdade é Azul - Krzysztof Kieslowski, 1993


38-A Igualdade é Branca - Krzysztof Kieslowski, 1993


39-A Fraternidade é Vermelha - Krzysztof Kieslowski, 1994


40-Mallrats - Kevin Smith, 1995


41-Carne trêmula - Pedro Almodóvar, 1998


42-Central do Brasil - Walter Salles Jr., 1998


43-Tudo sobre minha mãe - Pedro Almodóvar, 1999


44-Beleza America - Sam Mendes, 1999


45-E sua mãe também - Alfonso Cuaron, 2001


46-Mulholland Drive - David Lynch, 2001


47-Fale com ela - Pedro Almodóvar, 2002


48-Cidade de Deus - Fernando Meirelles, 2002


49-Diários de motocicleta - Walter Salles Jr., 2004


50-Dogville - Lars von Trier, 2004

07 dezembro, 2005

Eu queria fazer um filme

Eu queria fazer um filme. Um filme inédito, mas que eu, em algum lugar, em algum tempo, já vi. O personagem principal é um; o ser humano. A trama é a essência humana, o mote é o amor. O conflito é meu conflito interno. O desfecho é a vida. Os efeitos especiais são os sentimentos humanos. Meus olhos e a câmera se misturarão. Minha mente, com imaginação, fará a edição. Os espectadores serão transformados, se tornarão melhores.



29 novembro, 2005

Rodrigueana

Ali deitado, pensei, Sou um personagem de Nelson Rodrigues. Eu era um jovem ordinário, que gostava de sair com os amigos, tomar cerveja, jogar sinuca e conversa fora. Até que conheci Helena, jovem folgosa, de porte mignon e cabelos bem pretos até o ombro. Foi paixão a primeira vista, ou antes, tesão. Ela era colega de trabalho do Odair. Direita, de família, mas botequeira como poucas. Era perfeita, salvo um pequeno detalhe, tinha um namorado. Um tipo alto, cabelo raspado, fala mansa e insuportavelmente simpático. Mauro também trabalhava com Odair, se conheceram no trabalho há pouco mais de um ano e já faziam planos de casar.

Não era do meu feitio, mas na noite em que fui apresentado a Helena, no boteco embaixo do escritório do Odair, passei todo tempo flertando com o olhar, sem que Mauro se apercebesse. Quando ele cruzava comigo o olhar eu sorria um tanto sem graça e ele numa simpatia desmedida, fazia um gesto como de continência. Ela se ria marota. E na despedida chegando no cangote da pequena, sentido o cheiro doce de seu perfume, misturado com meu próprio hálito de embriaguez sussurrei, Com uma pequena como você, fazia miséria, largava tudo e me casava. E me afastando disse em bom tom, Foi um prazer, nos vemos por aí. Ela chegando no outro lado, Domingo onze horas na porta lateral da igrejinha. E afastando-se disse alto, Igualmente. Com o Mauro a despida foi um aperto de mãos, dois tapinhas no peito e um comentário, Olha, ouvi dizer que na sinuca você é o maioral, depois quero umas dicas, porque nem do Odair estou ganhando ultimamente, Quando quiser, ganhar do Odair é comigo mesmo.

Passei o sábado prostrado na cama, pensando na vida como ela é… E relembrando aquelas velhas histórias que têm mais de realidade que a própria vida, conclui, Nesse tipo de situação o sujeito sempre acaba matando o outro ou sendo morto pelo mesmo. Morrer tão novo eu não queria, por nenhuma pequena que fosse. Matar um cara bacana como o Mauro parecia o fim para mim. Estava numa sinuca de bico. Não fui à igreja domingo, fui ao boteco beber para olvidar. E na mesa de sinuca estava Mauro sorridente e falastrão, me vendo declarou, Opa, é hoje que vou ter umas dicas do Rui Chapéu aqui, e me chamou com um gesto largo. Chegando perto lhe bati no ombro três vezes e disse, Quer uma dica? Ao invés de vir jogar sinuca aos domingos, vá à igreja com sua pequena, ou você termina acaçapado. Virei de uma vez e a passos largos fui me embora da minha aventura rodrigueana.






Leonardo de Oliveira Cunha  20/06/05

23 novembro, 2005

Todo dia

Todo dia, não falhava um. Acordava escolhia uma galinha das que viviam no quintal nos fundos da casa e a matava, com um certeiro e profundo corte no pescoço pelado. O sangue vermelho e caldolento escorria e preenchia uma bacia azul de plástico. Seguiam-se todos os procedimentos de preparo de uma galinha. Quando a dita estava no ponto de ser posta na panela, ele a guarda no pequeno freezer horizontal que congestionava a pequena cozinha/copa. Estando tudo em ordem, voltava ao quintal agora para alimentar as galinhas sobreviventes. As sete horas da manhã, João, esse era seu nome, ia trabalhar. Não importa o que fazia, era mais um João trabalhando para um patrão, nesta forma capitalista de escravidão. Voltava a noite, só então via o filho e a mulher. Amava muito os dois, mas a mulher vivia desolada, pois na verdade sonhava em ser madame e viver uma vida de revista de fofocas. E o filho no seu universo de colégio e futebol via o pai como um estranho conhecido, que o beijava a testa cada noite e dormia com sua mãe. João seguia sua rotina de segunda a sexta sem reclamar. E no sábado pela manhã depois de repetir seu ritual quase religioso não punha o animal recém sacrificado no freezer e sim recolhia os outros seis que estavam ali os deixava sobre a pia degelando. Enquanto isso pegava uma desproporcional panela, a posicionava no fogão de lenha construído por ele mesmo. Colhia no quintal alguns vegetais providenciais. E fazia por toda a manhã uma bela galinhada. Quando tudo estava pronto, fumegante, e fragrante, servia pequenas porções em vasilhas descartáveis as quais ganhava mensalmente de uma empresa de embalagens. Saia então no seu carro precário em busca dos necessitados e com um misto de tristeza e satisfação oferecia o alimento àqueles que recebiam com a ânsia dos famintos. Em meia hora estava tudo consumado e consumido. No domingo depois de guardar a ave no freezer vazio ia à missa. Rezava a Deus para que desse pão aos que têm fome e fome de justiça aos que têm pão. Ou por outra, que desse galinha a quem têm fome e pena a quem têm galinha.

 Leonardo de Oliveira Cunha 

31/05/2005