28 outubro, 2007

Questionamentos

"Por quanto sofrimento precisamos passar para que consigamos abrir os olhos e ver?"
Questão colocada por Fernando Meirelles ao terminar de ler 'Ensaio sobre a Cegueira' de José Saramago.


"Quantas crianças a gente tem que perder pro tráfico só pra um playboy enrolar um baseado?"
Comentário do Capitão Nascimento no filme 'Tropa de Elite' escrito por José Padilha, Bráulio Mantovani e Rodrigo Pimentel.

Catarina em Batismo de Sangue



Compilei a participação da Julieta no filme do Helvécio Ratton.

17 outubro, 2007

16 outubro, 2007

Chorou uma lágrima azul, como azul era o mundo, porque o mundo é feito só de lágrima.
Quando atingisse o chão seria seu fim.

14 outubro, 2007

Fragmentos #2

Antônio tinha seu trabalho exposto nos maiores museus do mundo, Louvre, Reina Sofia, British Museum etc. Não há quem veja Da Vinci, Vermeer, Picasso ou Van Gogh e não dê uma olhada na obra de Antônio. Não virou um ícone como os demais, morreu sem ter muito dinheiro nem reconhecimento. Mas era feliz, entendia sua posição. E tinha sim admiradores, sua mulher e seu filho. Um dia o filho de Antônio levando seus próprios filhos ao museu, mostrou orgulhoso:
- Olha meninos, outra obra de seu avô.
Um espertinho que passeava com a esposa, apressou-se em comentar:
- O senhor deve estar enganado este é um Caravaggio.
Humilde, retrucou:
- Não senhor, não falo do quadro, falo da moldura.
O homem se envergonhou e logo, pondo reparo na bela e elaborada moldura elogiou:
- Muito bonito o trabalho do seu avô meninos. - E nunca mais olhou para um quadro sem observar sua moldura e pensar na pessoa que a teria feito.

Fragmentos #1

Entrou em trabalho de parto no metrô, entre duas estações. Sua respiração ficou curta, ofegante e ressonante. Um filete de água saía dos seus pés, passando pelos pés da filha de oito anos e escoava pela fresta da porta. A filha que em breve deixaria de ser unigênita, gritou baixo e agudo. Logo todos os olhares do vagão se voltaram para a mulher oriental de proeminente barriga. Ninguém sabia bem o que fazer. O polaco que tomava uma lata de cerveja pensou em oferecer um gole à mulher, já não raciocinava bem após a décima-sexta latinha. Tomaria a de número dezessete, sentado no banco de uma estação que não era a sua, mas afinal qual seria seu destino? O rapaz que carregava um buquê de flores vermelhas tomou o cuidado de colocá-lo, delicadamente, sobre um banco vazio,antes de se aproximar da gestante. Mais tarde, a namorada recente custaria a acreditar em tal desculpa por não ter recebido nem flores, nem nada, no seu aniversário de um mês. No Natal o bebê provaria chocolate pela primeira vez, sua irmã mais velha, nunca teria filhos, marcada pelo trauma do parto na estação. Muitos meses depois, um cão, filhote ainda, ao passear com seu dono, um negro calado e triste, ficou ouriçado com um cheiro inédito que sentiu num vagão qualquer.

12 outubro, 2007

A morte e a morte de Paulo Autran

Um dia, cheguei no TU mais cedo para a aula e um rumor corria a escola; Paulo Autran havia morrido. Num escola de teatro tal acontecimento causa comoção. E não se falava em outra coisa. Até que surgiu o boato de que Lacraia (!) também tinha morrido.
Falando com Linares, o diretor, ele se limitou em dizer, Grande perda para o Teatro. Vale lembrar que o texto que fiz para o monólogo de teste para entrar no TU foi da peça "Liberdade" originalmente escrita para o ator. Após a aula saímos, vários alunos, fomos ao Quase Nada. Julieta ainda era somente minha amiga, neste dia se não me engano a Duda veio encontrá-la para sairem, as amigas. Na mesa do bar fizemos um brinde ao Paulo Autran.
No outro dia confirmou-se que ele não tinha morrido era nada. Estava vivo e ativo. Nunca se soube quem começou o boato, como ou porquê. Cheguei a vê-lo no palco por duas vezes. Uma peça com Cecil Thiré, "Variações Enigmáticas" e seu monólogo "Quadrante". Aliás, sob o mesmo título, Paulo Autran apresentava um quadro na rádio BandNews. Esses três minutos enchiam de arte e emoção (além de admiração) meu trajeto de fim de tarde, do trabalho para casa. Por mais de um ano ouvi as crônicas, poemas e contos de diversos autores na voz deste gênio da interpretação, diariamente, às 17:15.
Agora estou em Londres de onde pensei em ouvi-lo via internet. Ainda não tinha feito isso, até que vejo num site qualquer a notícia da morte de Autran. Agora sim ele se foi, aos 85 anos, deixando um legado importantíssimo, e a certeza de uma vida bem vivida. Tentem ouvi-lo no site da BandNews.
E vamos ao Teatro!

06 outubro, 2007

Acaso

Andando distraído, conversando sobre celebridades, me deparei com
Dustin Hoffman num set de filmagem!

update: de costas é a
Emma Thompson.