19 janeiro, 2007

I

Era uma família de artistas.

O avô era um artesão que talhava na madeira animais em paisagens inverossímeis. A avó faz tricô desde os dez anos de idade, borda desde os dozes, hoje completa a pensão deixada pelo marido fazendo barras de crochê em panos de prato e toalhas. O pai, filho único, é um pintor de cores, de pessoas sem rosto, mas cheias de personalidade, de um realismo que beira o abstrato. Casou com uma dançarina, a mãe, que depois de parir o sétimo filho foi-se embora para a Espanha com um dançarino de flamenco com quem faz apresentações pelas ruas de Sevilha.

Hoje vivem os nove numa casa que apenas comporta suas artes.

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