02 fevereiro, 2007

Sobre Tiradentes

Não. Não boicotei a 10ª. Mostra de Cinema de Tiradentes. Fui até lá, fiz uma oficina com Joel Pizzini, que foi muitíssimo válida. Ele é um profissional e tanto, tem um ótimo trabalho, muito sensível e peculiar, subvertendo o documentário tradicional. Uma oficina tão boa quanto a que fiz ano passado – Roteiro, com Di Moretti. Bom saber que o Brasil tem bons profissionais, ainda desconhecidos e mal pagos.

A Mostra de vídeos foi bastante irregular, a bloco de ficção que vi foi bem fraco, parecia querer abarcar realizadores de diversos estados, resultando confusa e mal programada. Os blocos de vídeos experimentais são bem difíceis para o público geral, e foi quando mais vimos produções de Minas.

Pela primeira vez foi permitida a exibição de longas-metragens finalizados em vídeo, o que é bom, mas abre espaço para produções um tanto herméticas para um Mostra de caráter popular com a de Tiradentes. “Cartola” foi exibido em BetaCam, com sérios problemas de áudio, o que levou o documentário a ser re-exibido em horário alternativo.

O Cine-Praça só aconteceu no meu último dia lá, com a exibição de “Antônia”, e pelo que sei a chuva só permitiu, antes, a projeção do vencedor do júri popular “Noel, o Poeta da Vila”. Outro ponto negativo foi a cerimônia que pretendia homenagear os artistas da década. Foi, segundo li, um evento longo e constrangedor, que igualou os artistas homenageados a políticos e patrocinadores, os verdadeiros bajulados pela produção.

O ponto alto ficou mesmo por conta de “Batismo de Sangue”. Desde o bate-papo antes da exibição, ficou clara a importância histórica, humana, artística do filme. A presença e os depoimentos dos Freis e de parte do elenco e equipe foram tocantes. Na sessão lotada o público foi contemplado com um filme belo, correto e transformador. Acredito que um filme – como toda obra de arte – só pode ser tocante e transformador na medida em que o artista que o executa seja transformado no processo. O que é patente nesta obra.

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